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Fórum de Engenharia do Ambiente da Universidade de Aveiro


    Discursos de Ambiente [Arquivo histórico]

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    Discursos de Ambiente [Arquivo histórico] Empty Discursos de Ambiente [Arquivo histórico]

    Mensagem por NEEA março 29th 2010, 16:31

    Discurso vencedor de 2006:



    Discurso 2007

    Muito boa noite caríssimos. Aqui nos reunimos para celebrar um evento que, assim o diz a tradição, se pretende revestido de um espírito crítico, satírico, ainda que não destrutivo. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, mantêm-se as pessoas, perduram as misérias.


    Meus senhores e minhas senhoras, de uma forma construtiva, permitam-me que vos diga que vivemos num país de tristes. Outrora fomos grandes, descobrimos as Américas (ou parte delas), dobramos África, carregamos especiarias da Índia, conquistamos Macau e até recentemente se encontraram documentos que nos dão como sendo os primeiros chegados à Austrália. Outrora selvagens, escravizamos, recheamos os cofres com o ouro que saqueamos, estabelecemos importantes rotas económicas por via marítima e terrestre, éramos uma das nações mais poderosas à face deste planeta. Mas, de uma forma construtiva, permitam-me que vos diga que vivemos num país de tristes. Outrora ricos e influentes, esbanjamos, actualmente pobres e discretos, pedinchamos. Reza a história que o Lusitano é um povo marcado pelos Fados para grande feitos, no entanto, a capacidade natural de gestão do português coloca-o impreterivelmente em desvantagem.


    Cedo se definiram as fronteiras. A sociedade portuguesa, ainda que devastada numa primeira instância pela peste negra, (re)ergueu-se. Construímos palácios, mosteiros, desperdiçamos em banquetes, resistimos a franceses, aliamo-nos aos ingleses (na mais antiga e infeliz aliança de sempre), destronamos a monarquia para dar lugar a uma república, importamos macacos para dar conta do epidémico número de bananas, sofremos na pele de um ditador mas passamos ao lado de duas grandes guerras, fomos de encontro à restante Europa que nos parecia querer fugir, elogiaram-nos pela organização de eventos culturais e desportivos. Tivemos governantes muito maus, outros maus, alguns menos maus e um ou dois que quase que poderíamos dizer que não eram tão maus como isso mas por uma questão de coerência digamos que simplesmente não eram bons.

    Outrora erigimos em montes, castelos que nos protegiam dos invasores, no panorama actual, aliado às políticas de reinserção social, protegemo-nos enclausurando os que se dizem excluídos em bairros. Condenamos e recorremos do preconceito, fomos e somos vítimas da nossa própria ignorância. Claro que temos determinadas vantagens, habitações mais baratas, disponibilidade de todo um rol de estupefacientes e a preços mais acessíveis, tecnologia de ponta que inclusive já pode ter sido nossa algures no passado.


    Mas Portugal é um país muito mais seguro do que o era há 20 ou 30 anos atrás, se não vejamos que é muito mais seguro o facto de hoje, ao sairmos de casa sermos assaltados do que o era naquele tempo.

    Outrora o ensino era gratuito e acessível, pronto estava a brincar, passemos à frente. Se vos perguntasse muito directamente “Qual o estado do ensino em Portugal?”, que me diríeis vós? Uns provavelmente diriam “portantes, nisto há um professor, depois metem crianças, umas cenas na mão com letras e avaliam-se coisas.” Por muito que não possa discordar, permitam-me que vos transmita a minha humilde opinião, o ensino hoje em dia, passa por deseducar as crianças em relação àquilo que aprendem com a televisão e com os pais. Perdão, com os pais não uma vez que a juventude só aprende com televisão, já que não tem relação com os pais. Hoje em dia um pai se quiser ver o filho, tem que ir ao hi5, se quiser falar com ele tem que deixar o endereço do correio electrónico num comentário no perfil ou numa das fotos.


    Outrora o rigor de quem ensinava levava a que por vezes uma reguada bastasse para impor um método ou somente a ordem, nos dias de hoje uma reguada não basta, é preciso bater com mais intensidade no professor se não ele não se cala.

    Mas não fosse a escola como poderiam as jovens raparigas manter o estilo característico da faixa otária, perdão, etária, vulgo “fashion”? Como saberiam elas se é “fixe” combinar o casaco prateado, com a fita dourada, os sapatos verdes e as calças amarelas? Como poderiam comprar todos aqueles acessórios inúteis a que ninguém dá valor mas que as tornam especiais face às adversárias, vulgo amigas para sempre, se não tivessem aulas a que faltar. Como iriam elas encher os diários fotográficos cibernautas, vulgo fotologs, se não tivessem visitas de estudo onde se pudessem exibir.

    Minhas senhoras e meus senhores, talvez vivamos num país de tristes, mas é um país onde é bom ir à escola.

    Todos os dias vemos alunos do secundário e/ou primário pelo campus da universidade, é curioso e triste constatar que para maioria aquele será o único contacto com o ensino superior. Se inquiríssemos estes jovens para que nos entoassem um pouco do hino, o mais provável era que nos saísse qualquer coisa do género: “Heróis do mal, nobre povo, super guerreiro imortal, és o nosso herói Songoku.”

    A um nível superior, o ensino não me preocupa. À parte das ementas andarem a ser alteradas, posso muito bem andar a comer sandes até acabar o curso que no final, meto-me num regional, apanho o metro e vou buscar o canudo à Universidade Independente.

    Mas este pequeno país não é só problemas com minorias e com o ensino, felizmente existe todo um conjunto de situações que nos mantém entretidos e com as quais contribuímos de forma positiva para a imagem negativa que eventualmente o restante globo tenha acerca de nós.

    De resto somos os primeiros a subvalorizar os talentos que emergem, por exemplo, no panorama musical. Ao invés de investirmos na cena nacional e apoiarmos as revelações que surgem a todo o momento, preferimos enterrá-los, espezinhá-los, cortar-lhes as pernas quando ainda estão a aprender a andar e desse modo, optamos por descarregar os álbuns da “Internet”, retirando o pão da mesa destes artistas. E pergunto eu, como queremos dar oportunidade a mestres criativos que desbotam qual ervas daninhas, como seja o Mickael Carreira, se em vez de lhe darmos um euro por cada vez que lhe compramos um cd, formos roubar essa mesma obra prima, roubando assim também um pouco da alma do pobre Mickael.

    Somos bons, temos bons valores, valores confirmados, pessoas que ganham prémios, prémios importantes, actores com carisma, actores que desempenham papeis e são reconhecidos, actores como o Cláudio Ramos que nos fazem acreditar que hoje se ganha um globo de ouro, amanha um Óscar.

    E para enaltecer o espírito luso, a RTP promoveu um concurso que visava eleger o melhor português de sempre, entre candidatos mais ou menos dignos, singraram na final 10 personagens marcantes. O povo votou e ficou o registo do bom sentido de humor de uma nação que proclamou como herói o indivíduo que os oprimiu durante 40 anos.

    Meus senhores e minhas senhoras, de uma forma construtiva, tentei dizer-vos que vivemos num país de tristes. E apesar da extensão do meu discurso talvez não tenha focado metade das dificuldades que nos atormentam, mas não fossemos nós portugueses com a nossa inexcedível aptidão para o “desenrascanço” e capazes de contornar qualquer obstáculo, nem que para isso seja necessário montar a barraca e puxar do braseiro e das sardinhas. E porque é necessário preservar esses bigodes e essas panças, manter os copos cheios e as nódoas na camisa que eu digo, somos um país de tristes, mas são os nossos tristes e é com eles que vamos andar para a frente.


    FORÇA PORTUGAL!


    Discurso 2008

    Hoje acordei e chovia. Calcei as galochas, vesti a gabardine da luta e parti para a frente de batalha, se houve coisa que aprendi é que é preciso estar bem agasalhado para que não se perca tudo quando se protesta.

    Mas o meu protesto não é contra os telemóveis, ou o regime de avaliação e muito menos contra o “Socras” e os compadres lá de cima, é contra os que estão comigo.

    De facto chove um pouco, o frio aperta e nem o vento ajuda, mas estamos cá todos e aquecemo-nos, aquecemos as gargantas e até o café e a pinga nos aquece, tudo vale desde que nos ouçam e nos tomem a sério.

    A união faz a força e quando somos organizados movemos multidões em prol das mais banais ocasiões, mas fazemo-lo porque queremos mostrar que somos imunes aos ataques e às pressões externas de quem se acha superior.

    A chuva intensificou-se e reparo que alguns abandonaram a causa em nome do bem-estar, mas sejamos razoáveis, cada um tem que cuidar de si, nós damos o corpo, sofremos mais um pouco, mas daqui ninguém nos tira.

    E pensar que com estas brincadeiras caíram muros e governos e se fizeram revoluções e tudo andou para a frente. Juntos fizemos realmente diferença e crescemos e ensinámos um pouco com o muito que aprendemos.

    A tempestade acalmou, mas somos cada vez menos, uns cansados, a maioria simplesmente desinteressada, outros nem sabiam porque cá estavam, a forças esvaiam-se, mas não as minhas, eu acredito nessa diferença.

    Está-nos no sangue a rebelião, se perturbam a manada, há que defender a manada, se é a própria manada quem nos prejudica, então há que reunir os que se insurjam e levar a manada pelo rumo certo.

    Veio o sol, da réstia de combatentes, sobro eu. Por certo há afazeres mais interessantes do que esperar pelo nada, que bem que sabia estar na esplanada com os óculos escuros a emborcar finos e
    a mirar umas “babes”, mas os outros precisam de mim e eu deles. Estou só, mas acho que eles voltam.

    Dou por mim a pensar se valeu a pena ter me levantado tão cedo. Se calhar melhor fizeram os que ficaram em casa a ressacar, a jogar playstation e outros que tais, afinal de contas daqui só levei uma constipação.

    Apenas uma constipação, estou certo que um dia alguém vai valorizar o meu esforço, quem sabe até não tenha aberto outras portas, a mim e a outros para que possam fazer o que não tive oportunidade.

    Foi duro, mas cá estou e espero que da próxima vez venham todos comigo.

    Assinado,
    Associativismo.

      Data/hora atual: maio 19th 2024, 09:16